Projeto leva inclusão digital às reservas extrativistas do Pará

Victor Alexandre foi aprovado no processo seletivo do IFPA para curso universitário

Victor Alexandre foi aprovado no processo seletivo do IFPA para curso universitário
Crédito: Indira Eyzaguirre

Victor Alexandre de Oliveira Pereira, 18 anos, mora na comunidade São Mateus, município de Bragança, no Pará. O rapaz faz parte do grupo de jovens beneficiados com um curso de informática pelo projeto Mangues da Amazônia, uma ação socioambiental com foco na recuperação e conservação de manguezais em Reservas Extrativistas Marinhas do estado do Pará.

“O projeto me abriu portas, como me ofereceu outra visão do mundo da informática e do digital. Também pude aprender sobre empreendedorismo e a importância da preservação dos mangues”, diz. 

A iniciativa é realizada pelo Instituto Peabiru e Associação Sarambuí, com patrocínio da Petrobras e apoio do Laboratório de Ecologia de Manguezal, da Universidade Federal do Pará.

 

Há 10 meses, o jovem é aluno no projeto e já teve a vida transformada. Com esforço e dedicação, ele foi aprovado no processo seletivo do IFPA (Instituto Federal do Pará) para o curso de graduação em educação do campo. “O projeto tem ajudado muita gente aqui na minha comunidade. Essas pessoas não tinham perspectivas sobre o futuro e, hoje, elas já conseguiram boas oportunidades de emprego e também de estudos, como no meu caso.”

“Fiquei muito feliz em saber que outras pessoas puderam nos enxergar. Estamos distantes dos grandes centros, somos do interior e essas pessoas perceberam o nosso potencial”, menciona o jovem ao se referir a equipe e ao coordenador da área socioambiental, Diego Carneiro. “Estamos fomentando a educação digital por meio da inclusão nos grupos de jovens e adultos. É poder mostrar que o mundo online vai além de uma rede social”, explica Carneiro.

“A internet nos coloca no mundo globalizado e as comunidades da região precisam estar incluídas e se beneficiarem das transformações digitais, com ferramenta para oferecer serviços, dinamizar o turismo ou melhorar, ou escoar a produção extrativista”, afirma Carneiro.

Iniciativa social beneficia jovens moradores de comunidades no estado do Pará

Iniciativa social beneficia jovens moradores de comunidades no estado do Pará
Divulgação/ UP Marketing para Mangues da Amazônia

O projeto socioambiental promove a inclusão digital como fator de autonomia e melhor qualidade de vida, essencial à conservação e uso sustentável dos recursos naturais. Com a expectativa de maior acesso ao conhecimento e oportunidades de renda para jovens de famílias extrativistas.

Realizado aos sábados no IFPA, com o total de 72 horas-aula, o curso de informática abrange a capacitação em ferramentas básicas para uso de computadores, como configurações de programas e acesso à internet e gestão de mídias digitais. Como diferencial, a iniciativa inclui a orientação em empreendedorismo, para transformação desse conhecimento em negócios com produtos e serviços que complementam a renda das famílias, a exemplo do turismo de base comunitária.

No primeiro ciclo, participam das atividades cerca de 60 jovens que vivem no entorno da Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu, no município de Bragança. Sendo, 40 deles egressos do Promangue, iniciativa que mobiliza estudantes de 13 a 19 anos em rodas de conversa semanais sobre direitos humanos, conservação e outros aspectos ligados aos manguezais, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas).

Junto a esse grupo, o curso de informática inclui outras 20 participantes do projeto Ciência é Praia das Meninas, desenvolvido pelo IFPA na região de Ajuruteua. A iniciativa, voltada para meninas de 10 a 16 anos, tem o propósito de aproximar a academia das realidades locais e reforçar a importância da mulher na ciência, por meio de atividades de formação. 

Participantes do projeto Ciência é Praia das Meninas

Participantes do projeto Ciência é Praia das Meninas
Divulgação

A prefeitura de Bragança é parceria do curso de informática, com a cessão de ônibus para o transporte entre as comunidades extrativistas e o campus do IFPA, local onde os jovens convivem com o ambiente acadêmico e despertam para continuidade dos estudos no curso superior. 

*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder