Alexander Ermochenko/Reuters – 02.06.2022
Sergiy Gaidai, governador de Lugansk, região no leste da Ucrânia constantemente bombardeada pelas forças russas, disse que “precisa estar preparado para o pior”, em entrevista à AFP neste domingo (19).
A região engloba as cidades de Severodonetsk e Lysychansk, que estão sob intenso ataque do Exército russo. “Eles bombardeiam nossas posições 24 horas por dia”, disse Gaidai.
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Em Lysychansk, tudo está se preparando para a luta nas ruas: soldados cavam buracos e colocam arame farpado, e a polícia coloca carros queimados nas ruas para diminuir o tráfego.
“Uma expressão diz: você tem que se preparar para o pior e o melhor só virá”, completa. O funcionário, que já avisou várias vezes que as tropas russas acabarão cercando Lysychansk e cortando as principais estradas de abastecimento da cidade. “É uma guerra, tudo pode acontecer.”
De Lysychansk, a artilharia ucraniana ataca as posições russas em Severodonetsk, e os russos respondem com morteiros e foguetes.
“Veja como Severodonetsk resistiu: você pode ver que os russos não controlam a cidade totalmente… Eles não podem ir mais rápido e colocar seus grandes canhões e tanques”, explica o governador.
Como outros oficiais ucranianos, ele espera que os aliados ocidentais do país entreguem “o mais rápido possível” mais armas de longo alcance. “É bom que o Ocidente nos ajude, mas é tarde”, lamentou.
O governador ainda afirmou que “é extremamente arriscado” ir a Severodonetsk e que não há lugar seguro em toda a região de Lugansk.
A vida é muito dura para os “10%” dos habitantes de Lysychansk que permaneceram na cidade, sem rede telefônica, água encanada nem eletricidade. Eles cozinham com lenha e vivem em porões abrigados.
“Tentamos convencê-los a sair, mas alguns se recusam categoricamente. Apenas uma pequena porcentagem espera que Moscou faça da região um mundo russo”, segundo Gaidai.
Ele comunica o estado do conflito diariamente através de redes sociais como Telegram ou Facebook. “Precisamos conversar para contrariar a propaganda russa, mas também para que o povo da região entenda que não os abandonamos.”