Menstruação ainda é considerada ‘algo secreto’, segundo pesquisa


Freepik

A ONG Plan International advertiu na sexta-feira (27) que 35% das adolescentes e jovens em todo o mundo acreditam que a menstruação deve ser mantida “em segredo” por considerar que ainda é um “assunto privado”.

“A menstruação é algo natural, não vergonhoso”, disse a diretora regional da Plan International para a América Latina e Caribe, Débora Cóbar, no marco do Dia Internacional da Higiene Menstrual, data criada em 2014 e lembrada sempre em 28 de maio.

“Educar todas as crianças e adolescentes, incluindo homens, sobre menstruação e outras questões relacionadas à saúde e direitos sexuais e reprodutivos tem um impacto positivo para acabar com a vergonha e o estigma da menstruação e normalizá-la desde a tenra idade”, destacou Cóbar.

Uma pesquisa da Plan International com 4.127 adolescentes e homens jovens no Brasil, Indonésia, Holanda e Uganda descobriu que a maioria dos entrevistados associa a menstruação a palavras como sujo (55%), constrangedor (31%) e nojento (38%).

Além disso, 70% dos homens consultados indicaram que já ouviram outro homem fazer um comentário negativo ou desagradável sobre a menstruação, de acordo com a pesquisa da ONG.

Os resultados revelaram ainda que adolescentes e jovens querem aprender mais sobre saúde menstrual, com 92% deles concordando que os períodos menstruais devem ser normalizados.

A pesquisa também evidencia a existência “de tabus profundamente enraizados em torno da questão da menstruação”, com consequências chocantes para a saúde e bem-estar das meninas, segundo frisou a Plan International em comunicado.

“Na América Latina e no Caribe, o estigma, o preconceito e os tabus em torno da menstruação continuam sendo uma das causas da discriminação e exclusão de meninas e mulheres”, lamentou Cóbar.

“Muitas vezes esse processo natural e saudável é visto como vergonhoso e se torna um obstáculo para manter as meninas saudáveis com higiene e dignidade”, acrescentou.

A Plan International alertou que o estigma sobre a menstruação deriva e agrava a desigualdade de gênero e expõe as mulheres jovens a uma maior discriminação, baseada em mitos, além de explicar que, “com o tempo, esses equívocos podem corroer seriamente a confiança das meninas e limitar suas oportunidades de vida”.

A ONG explicou que as meninas são excluídas das atividades diárias e que “a cultura do silêncio em torno da menstruação também significa que produtos menstruais de qualidade (…) não costumam ser prioridade como despesa doméstica”.

“Na Plan International, temos experiências muito positivas trabalhando em vários países da América Latina e Caribe em projetos onde abordamos essas questões e que buscam eliminar as barreiras que impedem o pleno desenvolvimento de meninas, meninos e adolescentes, por meio de um trabalho integral com eles”, completou Cóbar.