Reprodução
“Nunca pergunte ao Bayern qual era seu escudo em 1938.” Essa frase está em diversas publicações nas redes sociais e tentam associar o maior clube de futebol alemão, o Bayern de Munique, a um dos movimentos mais perversos que existiram na primeira metade do século 20, o nazismo.
Uma imagem que expõe a evolução dos símbolos adotados pelo Bayern mostra que, entre 1938 e 1945, durante o 3º Reich, o clube teria usado a suástica nazista.
a evolução do escudo do Bayern de Munchen ou Munique pic.twitter.com/5vKEo0vo55
— GUINTELEON #PokemonPTBR (@GuinteleonFla) April 13, 2021
Eu sabia que tinha motivo pra não curtir o Bayern, mas essa do escudo naz1sta entre 1938 e 1945 foi ruim de aguentar
— 햛햎햙햎햓햍햔 (@Ribeiro_VH13) February 2, 2022
Existem pouquíssimos registros de partidas de futebol em território alemão durante esse período, que coincide com o da 2ª Guerra Mundial. Todas as competições disputadas eram amadoras, porque o regime nazista baniu o futebol profissional.
Por causa disso, é difícil achar explicações concretas sobre o motivo de o time alemão ter aderido à suástica. O motivo mais plausível é que o regime obrigou o clube a adotá-lo.
Oficialmente, o clube não considera o escudo com a suástica como parte de sua história.
Reprodução/ Site oficial do Bayern de Munique
Na camisa, assim como em outras publicações oficiais, é mostrado que o Bayern mudou o escudo em 1924 e 1954, sem nenhuma menção ao período nazista.
Já no início da sua história, em 1900, 2 dos 17 fundadores do clube eram judeus.
Em 1933, os rumos do Bayern, campeão alemão no ano anterior, começaram a mudar. Com a chegada do Partido Nazista ao poder na Alemanha, o clube, comandado pelo presidente Kurt Landauer, um judeu, começou a sofrer sanções.
O Bayern passou a ser considerado um Judenklub, denominação antissemita aplicada para agremiações esportivas que tinham conexões judaicas, como era o caso.
O presidente foi obrigado a deixar o cargo e, em 1938, foi preso e levado ao campo de concentração de Dachau, onde permaneceu por dois meses. Ele conseguiu fugir para a Suíça após uma liberação temporária do local e só voltou ao país no fim da 2ª Guerra.
Durante esse período, o Bayern, que era o melhor clube de futebol do país, voltou a ser amador, passou longe de vencer os campeonatos de que participava e foi obrigado a ceder jogadores ao Exército alemão durante a guerra devido ao alistamento obrigatório.
Segundo registros do clube, 56 pessoas ligadas ao clube foram mortas em campos de batalha da 2ª Guerra.
Um episódio marcante que mostra a resistência do clube contra o regime aconteceu em 1942, quando o então capitão da equipe, Conny Heidkamp, escondeu troféus conquistados pelo Bayern para que eles não fossem derretidos pelo governo alemão, que precisava de dinheiro para bancar os altos custos das batalhas.
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O seu rival da mesma cidade, Munique 1860, no entanto, foi financiado pelo Partido Nazista e, em melhores condições, conquistou títulos e foi usado como propaganda pelo regime.
Após os tempos sombrios do nazismo, Landauer voltou à presidência do clube, o Bayern se tornou um gigante europeu e, nos dias atuais, faz questão de mostrar suas raízes judaicas e destacar todos esses momentos em suas instalações e em publicações oficiais.
Para sempre Kurt Landauer
Neste dia, há 60 anos, uma das figuras mais importantes da história do FC Bayern e do futebol mundial nos deixava. pic.twitter.com/OlfhPci951
— FC Bayern Brasil (@FCBayernBR) December 21, 2021
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* Estagiário do R7, com edição de texto de Marcos Rogério Lopes